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Em 1891 o Deputado Pedro Américo, cujo nome faz parte da história política do nosso Pais, discursava na Assembleia Constituinte daquele ano (negrito nosso): 

Deixo a outros a glória de arrastarem para o turbilhão das paixões políticas a parte serena e angélica do gênero humano. A observação dos fenômenos afetivos, fisiológicos, psicológicos, sociais e morais não me permite erigir em regra o que a história consigna como simples, ainda que insignes, exceções. Pelo contrário, essa observação me persuade que a missão da mulher é mais doméstica do que pública, mais moral do que política. Demais, a mulher não direi ideal e perfeita, mas simplesmente normal e típica, não é a que vai ao foro, nem a praça pública, nem as assembleias políticas defender os direitos da coletividade, mas a que fica no lar doméstico, exercendo as virtudes feminis, base da tranquilidade da família, e por consequência da felicidade social.  

(Dep. Pedro Américo, Câmara dos Deputados, sessão de 27 de janeiro de 1891). 

É importante ressaltar também que entre a violência doméstica e o feminicídio — crime de ódio baseado no gênero — existe um conjunto de fatores que variam de intensidade, mas que estão baseados na mesma ideia das mulheres como sujeitos incompletos (portanto não-sujeitos), com carências e limitações naturais — como não-humanas. 

Claudia Mayorg, A Psicologia e os Direitos das Mulheres, Boletim do Conselho Federal de Psicologia, 6ª edição janeiro/fevereiro/ março de 2021 

A violência contra as mulheres ocorre também, e principalmente, dentro de casa, lugar onde o indivíduo tende a se sentir seguro e protegido. Tem como perpetrador aquele que deveria proteger e oferecer segurança. Geralmente são o pai, padrasto, companheiro ou alguém do círculo familiar. 

A violência não é “apenas” física, mas moral e psicológica. Geralmente essas mulheres que sofrem de abuso têm medo, culpa e silenciam quando deveriam gritar, porque a sociedade ainda responsabiliza a mulher por esse sofrimento. Tudo isso é fruto da desigualdade de gênero que existe ainda hoje, em 2021.  

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